Vermelho-cereja

Álbum sobre uma das múltiplas facetas da relação do homem com a natureza e o ambiente, Vermelho-cereja é uma espécie de poema em prosa que canta uma beleza e uma perfeição em risco devido à ação humana. O sujeito enunciativo maravilha-se com a imensa beleza natural e interroga-se acerca de um futuro que poderá já não vir a conhecer todas as belezas que ele identifica, devido aos "disparates" do homem, "com todas as guerras e com todas as poluições" de sua responsabilidade. Neste sentido, poderá identificar-se uma dimensão pedagógica que cruza o texto de forma implícita, alertando para a necessidade de proteção do meio ambiente como forma de preservar as belezas naturais que rodeiam o ser humano, dando sentido e poesia à sua vida.

Deste ponto de vista, este álbum não deixa de ser marcado por antropocentrismo, sendo o meio configurado como espaço de fruição, à disposição e para o usufruto do homem. Contudo, alguma noção de interação está igualmente presente, assim como as repercussões sobre o homem das suas ações em relação ao meio.

As ilustrações de José Saraiva recriam com particular expressividade o meio natural, sublinhando a cor que dá título ao livro - Vermelho-cereja - e fazendo-a sobressair numa paleta onde estão presentes vários tons de azul e verde. No registo que lhe é habitual, marcado pelo jogo com formas, com a luz e a sombra e com a sugestão de movimento e dinamismo, o criador acrescenta pormenores ao texto, incluindo personagens e situações do quotidiano facilmente reconhecíveis pelos leitores, promovendo a identificação com as propostas textuais e imagéticas. Recorrendo a diferentes formas e perspetivas de representação do real, o ilustrador parece apostado em cristalizar aquelas que envolvem uma interação do homem com o meio, destacando a beleza deste último.

Ramos, A. M. & Ramos, R., 2010 

Atualizado em 17 MARÇO 2022
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