Esta obra, cuja edição original data de 1973, sob o título "L'albero" ("A árvore"), publicada anteriormente em Portugal pelas Edições Sá da Costa (1982) também com o título "A árvore", é uma narrativa visual, isto é, não tem palavras, mas só imagens. A atividade editorial da autora, Iela Mari, por vezes em parceria com Enzo Mari, foi pioneira na exploração da expressividade de elementos gráficos como as cores básicas ou as formas simples e imediatamente identificáveis, associadas ao livro álbum, como é o caso em presença.

A obra oferece ao leitor uma visão semelhante à de uma câmara fixa que, ao longo do ano, retrata uma árvore (um grande carvalho), e as transformações que nela a passagem do tempo produz. A árvore é também o cenário de ações vividas por outras personagens, que com ela se relacionam, como é o caso das aves que nela fazem o ninho, do mamífero que dela se alimenta e junto da qual hiberna, ou das outras plantas que brotam e morrem nas suas imediações.

A par da interação que mostra entre os vários elementos naturais, esta obra evoca o ciclo natural, o permanente movimento de nascimento, desenvolvimento, frutificação e morte, e sua repetição interminável. As variações cromáticas são um testemunho gritante das várias fases desse ciclo, aqui bem patentes.

Apresentando um exemplo de um fragmento de habitat harmonioso e não alterado pela intervenção humana, o livro materializa um conceito difícil de apreender por crianças, que é o conceito de tempo, aqui associado às transformações na natureza.

Ramos, R.. & Ramos, A. M., 2010