Narrativa inspirada diretamente na história de um dos mais famosos barcos da organização ambiental "Greenpeace", chamado "Rainbow Warrior", e na luta daquela associação para denunciar os crimes ambientais que identificam por todo o mundo (em particular, os que são cometidos contra o equilíbrio dos habitats marinhos), esta história é contada por uma mãe baleia à sua cria durante a longa viagem de migração que ambas realizam através dos mares. Nela, dá-se conta de algumas das mais significativas lutas do movimento Greenpeace (contra a captura de baleias, a caça de focas bebés, a implantação de plataformas petrolíferas em áreas sensíveis, por exemplo), enumerando algumas vitórias, mas também não esquecendo a morte de um ativista português, resultante da missão dos serviços secretos franceses de afundamento do barco, quando a Greenpeace se preparava para o usar a fim de protestar contra os ensaios nucleares levados a cabo por aquele país no Atol de Moruroa. O fim do navio, seriamente danificado por essa missão, afundado mais tarde e transformado em recife, não encerra a luta da organização, passando a funcionar como símbolo. Transformada quase em lenda, a história daquele barco, que procurava defender os mares das ações depredadoras dos homens, ganha uma dimensão épica, sublinhada pelo tratamento do barco animizado como personagem principal, pelas inclusões de referências a mitos de povos considerados mais próximo da natureza (a uma "profecia da tribo Cree", como se pode ler no texto) e pelas ilustrações que, entre o figurativo e o onírico, recriam o texto. As ações da Greenpeace em prol do equilíbrio natural e em defesa dos animais marinhos são, desta forma, apresentadas numa perspetiva quase espiritual, incontestável e exemplar, de onde decorre um forte mas implícito apelo ao leitor à adoção de atitudes com a mesma orientação.

No final do livro, em documento anexo, encontramos os factos históricos que inspiraram a narrativa.

Ramos, A. M. & Ramos, R., 2010