Ovelhinha dá-me lã

Este álbum narrativo evoca o ciclo da lã, dando conta da sua importância na vida humana através dos múltiplos usos de que é alvo. A sua organização passa pelo uso de uma estrutura paralelística, dialogada e versificada, ideal para a oralização, a que se vêm juntar as expressivas imagens. Além disso, o livro tematiza ainda aspetos ligados ao vestuário, ao corpo humano e às estações do ano.

O modelo organizacional adotado apresenta uma voz enunciativa que se dirige a uma ovelha e lhe pede lã - uma vez para confecionar um casaco, outra para um gorro, de seguida para um cachecol, etc. A ovelha oferece toda a sua lã ao interlocutor humano, afirmando que nada o impede de lha tomar. Contudo, surpreendentemente, depois de dizer que da lã já fez várias peças de roupa, o interlocutor humano sugere uma partilha do material "a meias" e traz para a ovelha um exemplar das peças que para si mesmo fez: um casaco, um barrete, etc.

Desta forma, esta narrativa apresenta-se como uma alegoria da relação homem - natureza (ou homem - meio): uma atitude será a de o homem recolher do seu meio tudo aquilo de que necessita, sem contemplar a capacidade de este suprir as necessidades humanas de forma a garantir a sustentabilidade do processo a longo prazo; outra atitude será a de o homem deixar de olhar somente para o seu umbigo e passar a ter a capacidade de olhar para além das suas necessidades próprias e imediatas, reconhecendo aos outros elementos integrantes do seu ecossistema um relevo superior ao de meros instrumentos do seu bem-estar.

Ramos, R. & Ramos, A. M., 2010 

Atualizado em 17 MARÇO 2022
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